Privatisation de la santé, par Luiz Carlos Bresser-Pereira
Dans les années 1990, pendant que l’Argentine et le Chili faisaient des réformes néolibérales radicales, que les pays riches qui les conseillaient n’avaient pas les moyens de le faire, le Brésil paraissait se constituer en exception. Et de fait le fut à ne pas privatiser la Petrobas ou la Banque du Brésil.
Pourtant, en un secteur le Brésil cèda. En cette décade il a permis la transformation des institutions d’enseignement supérieur sans fins lucratives en entreprises. Il y avait là un grave manque de respect à la loi – comment est possible qu’une institution qui n’a pas de propriétaires puisse, en un instant, être appropriée par ceux qui la contrôlent de fait ? Et il y avait une contradiction avec les principes de la Réforma Gerencial de l’Etat de 1995 qui défendait la transformation des services sociaux et scientifiques appuyés par l’Etat en organisations sociales – entités publiques non d’Etat (nao estatais) avec un contrat de gestion avec l’Etat – qui en même temps condamnait le fait de livrer l’enseignement supérieur aux entreprises.
Depuis lors le processus de privatisation de l’enseignement supérieur a le vent en poupe, pendant que dans les pays riches cette solution continue à se constituer en une absurdité.
Maintenant c’est le tour de la privatisation des services de santé. Le grand homme public que fut Mario Covas a créé à Sao Paulo, avec une grande réussite, les organisations sociales de santé, livrant son administration à des entités sans fins lucratives – publiques non d’Etat (nao estatatais).
Cette semaine, je lis un reportage dans le journal Valor du 10 juin informant que quatre États (Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais et Sao Paulo) se disposent à lancer cette année Parcerias Publico-Privadas (PPPs) dans le secteur de la santé. Qui avance dans ce projet est Rio de Janeiro. PPPs pour la construction et pour la gestion d’hôpitaux.
S’il s’agissait seulement de PPPs pour la construction il n’y aurait pas de problème. L’Etat peut comprendre que la construction de l’hôpital peut être faite par le secteur privé comme subside de l’Etat pour ensuite être loué à une organisation sociale qu’il soutient financièrement. De ce que je lis, pourtant, la gestion est également incluse dans le contrat.
Pourquoi objecter contre la transformation d’hôpitaux subsidiés en entreprise par l’Etat ? Car dans la santé, comme dans l’éducation, le marché n’est pas un bon réceptacle de fonds. Principalement, il ne garantit pas la qualité que les services de l’éducation et de santé doivent avoir.
Car ses usagers – élèves ou patients et leurs familles – n’ont pas les informations nécessaires pour que le marché puisse fonctionner bien. L’assymétrie d’informations est criante.
Et parce que le service mal effectué dans ces deux secteurs est une chose plus grave qu’un mauvais service de nettoyage, ou de saisie de données.
Avec les PPPs dans le secteur de la santé, nous informons le consultant d’entreprises qu’il assiste le processus de privatisation, les gouvernements d’Etat cherchent « une nouvelle source de financement pour la santé, de meilleurs résultats, et la possibilité d’être actualisés avec la technologie » Merveille ! Le bénéfice privé a toujours des « raisons » incroyables à sa faveur. Souvent de bonnes raisons.
Mais, dans ce cas, des raisons contre la citoyenneté. Des raisons qui sont consistantes avec l’exemple des Etats-Unis, non pas de l’Europe, où les services de santé n’ont pas été privatisés, et sont plus efficaces, et de meilleure qualité.(publié dans le cahier A, page A20, du quotidien Folha de Sao Paulo, le dimanche 16 janvier 2011 – traduit par Bahiaflâneur)
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NOS ANOS 1990, enquanto a Argentina e o Chile faziam reformas neoliberais radicais, que os países ricos que as aconselhavam não tinham disposição para fazer, o Brasil parecia constituir-se em exceção. E de fato o foi ao não privatizar a Petrobras ou o Banco do Brasil. Entretanto, em uma área o Brasil cedeu. Nessa década permitiu a transformação das instituições de ensino superior sem fins lucrativos em empresas. Havia aí um grave desrespeito à lei -como é possível que uma instituição que não tem proprietários pode, de repente, ser apropriada por aqueles que a controlam de fato? E havia uma contradição com os princípios da Reforma Gerencial do Estado de 1995 que defendia a transformação dos serviços sociais e científicos apoiados pelo Estado em organizações sociais -entidades públicas não estatais com contrato de gestão com o Estado- ao mesmo tempo em que condenava a entrega do ensino superior a empresas.Desde então o processo de privatização do ensino superior vai de vento em popa, enquanto nos países ricos esta solução continua a se constituir em um despropósito.
Agora é a vez da privatização dos serviços de saúde. O grande homem público que foi Mario Covas criou em São Paulo com enorme êxito as organizações sociais de saúde, entregando sua administração a entidades sem fins lucrativos -públicas não estatais. Nesta semana, leio uma reportagem no Valor (10 de janeiro) informando que quatro Estados (Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e São Paulo) se dispõem a lançar neste ano Parcerias Público-Privadas (PPPs) na área da saúde. Quem está avançado no projeto é o Rio de Janeiro. PPPs para construção e para gestão de hospitais.Se se tratasse simplesmente de PPPs para construção não haveria problema. O Estado pode entender que a construção do hospital pode ser feita pelo setor privado com 2subsídio do Estado para depois ser alugado a uma organização social por ele patrocinada.
Pelo que leio, entretanto, também a gestão está incluída no negócio.Por que objetar contra a transformação de hospitais subsidiados pelo Estado em empresas? Porque na saúde, como na educação, o mercado não é um bom alocador de recursos. Principalmente, não garante a qualidade que os serviços de educação e de saúde devem ter.Porque os seus usuários -alunos ou pacientes e suas famílias- não têm as informações necessárias para que o mercado possa funcionar bem. A assimetria de informações é gritante.
E porque o serviço mal feito nessas duas áreas é algo muito mais grave do que um mal serviço de limpeza, ou de digitação de dados.Com as PPPs na saúde, informa-nos o consultor de empresas que está assessorando o processo de privatização, os governos estaduais buscam « uma nova fonte de financiamento para a saúde, melhores resultados, e a possibilidade de estarem atualizados com a tecnologia ». Maravilha! O lucro privado tem sempre « razões » incríveis a seu favor. Muitas vezes boas razões. Mas, neste caso, razões contra a cidadania. Razões que são consistentes com o exemplo dos Estados Unidos, não o da Europa, onde os serviços de saúde não foram privatizados, são mais eficientes, e de melhor qualidade
Ni le journal n le journaliste ne sont des progressistes ou hommes de gauche. D’autant plus révélateur, ne trouvez-vous pas ?…
bien à vous…